O arrepio de conseguir

Marcus Arboés
2 min readApr 2, 2019

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Não sei se você já sentiu isso, mas eu tive momentos ímpares em que fui agraciado com essa sensação.

Um arrepio que sobe a nuca e se desmancha na cabeça, causando uma leveza por todo o corpo e uma expressão de felicidade inexplicável.

O mais incrível disso tudo é que, no meu caso, esses momentos conectavam meus desejos e anseios ao esporte.

A primeira vez com certeza é inesquecível. Março de 2010. Num torneio de futsal, fiz meu primeiro gol pelo time da minha escola.
Depois que vi a bola entrando, olhei para a minha mãe na arquibancada. Ela estava de pé, comemorando. Corri na direção dela e apontei. Dediquei um gol pra quem sempre esteve lá.

Naquele momento senti que consegui deixar ela orgulhosa pela primeira vez… e feliz, não sei. Mas foi a primeira vez em que aquele arrepio inexplicável me subiu a nuca.

Houve um momento parecido anos depois. Esse jogando futebol de campo pelo IFRN, no ensino médio.

Passei todo o meu segundo ano treinando muito duro. Eu não faltava um treino, fosse de tarde ou de noite. Mesmo acima do peso, eu consegui uma vaga no time sub17 para jogar uma competição escolar local.

Entrei numa partida faltando 10 minutos para o jogo acabar, contra uma torcida que estava rindo de mim justamente por eu ser gordo.
Quando vi o ponta-esquerda do meu time avançar na linha de fundo, entrei na área e pedi a bola. Não sei porque ele confiou em mim, e nem me recordo bem de como coloquei a bola pra dentro, mas foi um gol fácil.
Saí correndo para comemorar.

Um ano todo de treino tinha resultado naquele gol. Todo o time estava me abraçando. Todo mundo ali sabia o quanto aquele momento significava pra mim.

Bom, eu nunca fui um craque. Nem de longe. Mas sempre gostei muito — muito mesmo — de futebol.

Já cursando jornalismo, tive a oportunidade de sentir esse arrepio num jogo entre Alecrim e Visão Celeste, pela segunda divisão do campeonato potiguar.

A sensação de estar em campo, de entrevistar um jogador de futebol profissional, de sentir de muito perto a emoção do presidente de um clube tradicional e de poder olhar ao meu redor e me sentir realmente acolhido, como se um estádio de futebol fosse uma casa.

Conseguir nem parece uma palavra forte.

Nós conquistamos pequenas e grandes coisas o tempo todo e nunca notamos.

Não sei exatamente porque essas foram as que me marcaram.

Mas eu gosto da sensação.

E não vejo a hora de ouvir de sentir de novo que eu consegui.

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Marcus Arboés
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Written by Marcus Arboés

Aqui é um pouco de mim, sem amarras. Falo do que me empolga.

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